Mesmo com a subnotificação, as favelas do Rio de Janeiro já têm mais de 300 casos confirmados da Covid-19 e ao menos 125 mortes pela doença. E a tendência é de agravamento do quadro, diante da dificuldade de acesso a serviços básicos, como abastecimento de água e rede de esgoto e também devido a aglomeração nas próprias casas, onde vivem até cinco pessoas em um mesmo cômodo, o que facilita o contágio pelo novo coronavírus.
O sanitarista e ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz, Paulo Buss, que faz parte do grupo responsável pelo Plano de Combate à Covid nas comunidades carentes, admite que a situação é a pior possível e que ainda vamos perder muita gente.
Segundo ele, as ações traçadas no plano não chegam integralmente às favelas e os moradores se veem obrigados a sair de suas casas em busca de alimento e de serviços de saúde, aumentando o risco de contaminação. O pesquisador defende maior articulação do poder público com as lideranças comunitárias e fazer o que for possível para manter as pessoas em casa.
Enquanto essa conexão não funciona, lideranças comunitárias usam as redes sociais para conseguir doações de alimentos, água e produtos de higiene. A CUFA, Central Única de Favelas, que atua em mais de 400 cidades, concentrou suas ações para levar comida aos moradores das comunidades e periferias.
Segundo o coordenador da entidade, Celso Athayde, o foco são as cestas básicas, mas o projeto também entrega botijões de gás. Já o Jornal Voz das Comunidades, criado no Complexo do Alemão, lançou um aplicativo para celular que atualiza todas as informações sobre a Covid-19. O projeto é financiado pelo consulado dos Estados Unidos no Rio de Janeiro.